O que era uma corrida entre fabricantes, aos poucos, começa a ganhar as ruas. Os caminhões elétricos começaram a conquistar espaço no mercado brasileiro de transportes. Nesse sentido, o custo e a autonomia são os principais desafios para a popularização.
Em primeiro lugar, a corrida pelos modelos tem dupla motivação. A redução na emissão de poluentes e a crescente valorização dos combustíveis a base de petróleo.
Somente nos dois primeiros meses de 2021, o preço do Diesel teve 41,5% nas bombas.
A alta em um insumo tão básico deveria provocar uma corrida pelos modelos elétricos.
Contudo, a tecnologia aplicada ainda apresenta dificuldades para o operador de transportes.
A maioria dos caminhões à venda no Brasil tem autonomia máxima de 200 quilômetros.
Dessa forma, sem uma rede estruturada para abastecimento, viagens longas estão fora do radar.
De maneira idêntica, o trânsito nas grandes cidades é um complicador.
Ficar horas em um engarrafamento diminui as vantagens operacionais do modelo.
De acordo com alguns fabricantes, essas limitações podem durar pouco.
Estão em uso sistemas que usam a força de frenagem para recarregar as baterias.
Dessa forma, a autonomia pode ser maior sem a instalação de mais baterias.
Outra expectativa do mercado está na nacionalização de componentes.
Hoje, as montadoras importam boa parte dos sistemas elétricos.
Com o Dólar em alta, isso ajuda a explicar o custo maior do que o de um modelo a Diesel.
Sob o mesmo ponto de vista, a ampliação da frota deve elevar o interesse do varejo em opções de carregamento.
Uma rede ampla de carregadores tornaria a operação menos desafiadora.
Caminhões elétricos em uso
Apesar de todos esses limitadores, os caminhões elétricos já integram a frota de algumas empresas.
Operações mais curtas são o foco da sua utilização.
Nesse sentido, entregas em um curto raio de distância são bem atendidas pelos veículos.
Um exemplo desse método é a varejista de materiais de construção Telhanorte.
A empresa adicionou um VUC (Veículo Urbano de Carga) elétrico à sua frota no início deste ano.
Com ele, a loja instalada na Marginal Tietê, em São Paulo, realiza as entregas do e-commerce.
O caminhão precisa de 4 horas de carga para rodar 150 quilômetros por dia.
Outra vantagem é legal. Por não emitir carbono, o veículo está liberado do rodízio de placas da capital paulista.
Sua operação, todavia, é limitada. Ocorre entre 8h e 17h.
Vantagens
De acordo com especialistas, o motor elétrico tem vida útil maior do que a dos modelos de combustível fóssil.
O custo de manutenção também seria menor.
De olho nessas vantagens, a gigante brasileira de bebidas Ambev planeja investir na novidade.
A expectativa é de 35% da sua frota – ou 1,6 mil caminhões – seja elétrica até 2023.
Dessa forma, a empresa deixa de emitir 30,4 mil toneladas de carbono por ano.
O mercado ainda espera por iniciativas governamentais que incentivem mais o uso dos elétricos.
Na China, por exemplo, veículos a Diesel já tem limitações em alguns portos.
Na Europa, o efeito dos caminhões na poluição sonora está em estudo.
Sob o mesmo ponto de vista, um apoio estatal pode ser desnecessário se os combustíveis continuarem em alta.
O próprio mercado fugirá do Diesel. Os elétricos vêm aí!